domingo, 6 de dezembro de 2009

Dezembro



Queridos leitores, tenho o prazer de anunciar que dezembro chegou. Ao contrário de muitos, que ficam pra baixo nessa época do ano, eu fico cheia de gás. Adoro.

Pra começar, vêm os aniversários. Na minha família, 4 são de dezembro, incluindo eu. Durante muito tempo, eu não admitia que adorava comemorar aniversário. Acho que, no fundo, eu tinha medo de não me sentir suficientemente querida naquele dia. Mas depois fui percebendo que muitas vezes, pessoas que te querem muito bem também podem se esquecer de seu aniversário. Não dá pra achar que se é o centro do universo, e normalmente as pessoas têm uma rotina pesada, principalmente no fim do ano. Então fui desvinculando uma coisa da outra. E resolvi que, se era tão importante pra mim, eu que tratasse de lembrar as pessoas queridas, convidando pra se reunirem comigo no meu aniversário, e aí sim eu teria oportunidade de rever quase todas elas, abraçá-las e me sentir querida, que afinal é o que todos querem na vida.

Passando os aniversários, vêm as formaturas e confraternizações de fim de ano. E eu, que amo festa, nado de braçada. Acho tão emocionante a gente ver as pessoas vencendo mais uma etapa da vida. Celebrar é preciso. Gosto especialmente da época porque sinto no ar uma vibração diferente. Sinto que, talvez pela proximidade de um fim (no caso, o fim do ano), o sentimento de humanidade vem à tona. O sentimento fraternal de sermos essencialmente iguais e de estarmos todos no mesmo barco é muito reconfortante, e faz com que queiramos dividir experiências e celebrar juntos. Isso nos fortalece como seres humanos; nos dá força pra enfrentarmos o fato de que as coisas têm um ciclo, que nós somos finitos e que precisamos uns dos outros, já que fazemos todos parte de uma mesma engrenagem, que só funciona direito se as peças estiverem encaixadas e unidas. As pessoas ficam mais reflexivas, e isso é ótimo. Nada como uma boa análise do que foi feito pra gente lidar com nossos erros, ficarmos predispostos a mudar o que tem de ser mudado e satisfeitos com os acertos. E é nesse ponto que eu acho que acontece o erro de algumas pessoas. Em vez de ficarem felizes com o que fizeram e ganharam, ficam tristes com o que não fizeram, e essa melancolia acaba cegando o olhar, que acaba não conseguindo ver as luzes do Natal, que no meio de tudo isso, acaba chegando.

Este ano, especialmente, eu comecei a entrar nessa, um pouco antes da hora. No meu caso, acho que junta o aniversário com o fim do ano, o que proporciona um balanço ao quadrado. Comecei a sentir uma sensação ruim, ainda no mês de novembro, de incompetência, de não ter conseguido fazer tudo o que me propus a fazer. Principalmente porque no ano passado eu tinha feito tanta coisa: casei, defendi minha tese de doutorado, fiz duas mudanças de casa, viajei etc. Aos poucos, porém, fui acalmando e me lembrei que a vida acontece em ciclos: tempo de plantar e tempo de colher. E pensando bem, esse ano pra mim foi um ano de semeadura. Ao contrário de 2008, que foi regido por Marte, que impulsiona a ação, 2009 foi regido pelo Sol, que impulsiona a reflexão. Sem dúvida, é um processo dialético. Toda ação deve ser seguida por uma reflexão sobre tal ação, que por sua vez antecede uma nova ação. E são etapas igualmente importantes. A qualidade da ação vai ser determinada pela qualidade da reflexão, assim como a qualidade da fruta vai ser determinada pela qualidade da semente e do processo de semeadura. Neste ponto, eu me acalmei. Percebi que o resultado da ação reflexiva só é percebido com o coração, e não pode ser mensurado. Percebi o quanto hoje estou mais calma e mais tolerante. O quanto aceito mais as coisas que não podem ser mudadas. Percebi que estou mais em paz com a minha natureza. Percebi que estou aceitando com cada vez menos culpa os presentes que a vida me dá. E me lembrei que fiz o meu blog, que por si só já valeu tudo que não fiz no ano, tamanho o bem que me faz colocar minhas reflexões no papel – o que não deixa de ser uma ação também.

Então, me permiti curtir meu fim de ano e meu Natal. E como eu gosto de Natal! Vermelho, branco, dourado e verde dão cor à minha realidade e me remetem à minha infância. Me lembro de como eu ficava entusiasmada com todo esse cenário, e da minha ansiedade com a vinda de Papai Noel. Minha fé era cega. E, graças a Deus, meus pais sempre fizeram questão de preservar este encantamento. Lembro das brigas que cheguei a entrar pra defender a existência do Bom Velhinho. E não adiantava outra criança falar que viu os pais colocando os presentes na árvore, que eu e minhas irmãs falávamos que é claro que tinham visto, porque Papai Noel só dá presente pra quem acredita nele! Foi preciso meu pai me contar (sei que a contragosto, mas é a vida...), vestido de Papai Noel (e eu já ia pra 5ª série!), pra eu acreditar que quem me dava os presentes eram ele e minha mãe. E foi uma choradeira! Me lembro como se fosse hoje do meu espanto e da minha frustração, e de ter ido dormir soluçando. Por que Papai Noel não poderia caber nesse mundo? Será que ele era tão grande assim? Ou o mundo que era tão pequeno?

Passados mais de 20 anos, posso confessar que, no fundo, e a despeito da descrença quase geral, nunca deixei de acreditar em Papai Noel. Tenho certeza de que ele vem todo fim de ano, com um saco cheio de presentes, que eu vou abrindo ao longo do ano, que é pra estender esse gostinho. E é tanta coisa boa, que é por isso que fico tão animada quando chega o fim do ano. E quanto melhor eu tenha sido ao longo do ano, melhores são os presentes. Na verdade, a senha pra ele passar na sua casa é acreditar. Na magia. No sonho. Na vida. Que temos um Pai que sempre nos dá exatamente aquilo que pedimos – aliás, Ele sempre nos escuta. Pra alguns, ele é conhecido como Deus. Mas é muito mais gostoso pensar Nele vestido de vermelho e branco e com um saco cheio de presente. Voando em um trenó e entrando na nossa casa pela chaminé ou pelo buraco da fechadura. Sim, Ele cabe no mundo – mas só se a nossa alma for grande o suficiente pra abrigá-Lo. Porque, afinal, o mundo tem sempre o tamanho da nossa alma.

Agora, feche os olhos. Sinta a magia da vida. Busque na infância seus melhores sentimentos. Visualize um mundo de Paz, Amor e Misericórdia. Sinta a Força que te protege e te ajuda a realizar seus desejos. Acredite, do fundo do coração, que você é merecedor de todas as coisas boas que acontecem na sua vida, do perdão pelo que você se arrependeu de ter feito e de uma nova chance. Agora abra os olhos. Veja as luzes. E Feliz Natal.

6 comentários:

  1. Parabéns pelo seu aniversário! E Feliz Natal e demais felicidades, que você merece!

    ResponderExcluir
  2. É... acho que não estou sozinha nessa "bobagem" de acreditar... ainda bem!

    Bella, impressionante como esse texto parece ter sido escrito para mim (exceto a parte do aniversário; para mim é indiferente).

    Obrigada pelo sentimento de esperança. Sempre é bom perceber que ainda é possível.

    Um beijo,
    Rachel

    ResponderExcluir
  3. Izabella,
    que bom vc ter reafirmado a existencia de Papai Noel! Quem dera que todo mundo acreditasse... todo mundo ia ser mais feliz. Como você!
    Deus te mantenha no "pique".
    Irene

    ResponderExcluir
  4. Feliz Natal pra vc e obrigado por esse blog ser uma realidade hj. Dá muito prazer essa leitura...!
    Sergio

    ResponderExcluir
  5. Bela,
    do latim comemorar é memorar junto. Aquilo que aconteceu deve ser lembrado com outras pessoas. Mais tarde eu tô aí para memorarmos seu nascimento.
    Parabéns por suas palavras.
    Um abraço
    Letícia

    ResponderExcluir
  6. Gente, quero agradecer demais os votos de vocês e os parabéns. Tomara que vocês continuem lendo minhas postagens no ano que vem também! E tudo de melhor pra cada um de vocês. É o que eu desejo do fundo do coração.

    ResponderExcluir