quinta-feira, 5 de maio de 2011

Chuva de meteoros

Escrevo este texto com os olhos jorrando. Estranhamente, comecei a chorar enquanto lia sobre a chuva de meteoros que vai poder ser vista a olho nu agora a noite. Entre 40 e 60 meteoros por hora: um espetáculo arrebatador.

Já enquanto lia, fui invadida por essa sensação, de completo arrebatamento. É como se, num ínfimo momento, tudo estivesse explicado: eureka. Dos primórdios de nossa existência primitiva, lembro que sou feita de pó. Cósmico? Sou pó, e para o pó voltarei. Mas me lembro que a substância do pó é pura estrela. Átomos astrais, que carregam consigo a memória de todo o tempo e todo o espaço. Afinal, tudo é uma coisa só. E a magia acontece. Olhar para o céu e se reconhecer nas estrelas! Lembrar que o jorro dos meus olhos é resultado do jorro do amor divino que criou tudo que existe, todas as galáxias e todas as tradições, pelos séculos e séculos. O poder criativo do Big Bang que acontece todos os dias, quando usamos nossa energia criativa exatamente naquilo que deve ser usada. Tudo que está em cima é igual ao que está embaixo.

E passada a fase de fruição do momento divino, e tentando entendê-lo, me pergunto, já intuindo a resposta, por qual motivo a astronomia mexe tanto conosco. É um fascínio milenar, absoluto. Acredito que a resposta está na minha reação à matéria que acabei de ler: olhar para o céu nos lembra de nossa condição humana. Elevar a alma nos envergonha de nossas atitudes apequenadas do dia a dia. Lembrar de nossa condição humana, ressaltando a nossa humanidade com toda a sua associação de significados positivos, nos faz lembrar que somos reflexo de uma coisa muito sublime, muito perfeita, que está acima de nós, e que se faz visível sob forma de meteoros. Poeira de estrelas. Linda metáfora, da qual me aproprio aqui.

No espetáculo de hoje, o cometa Halley, que é um resquício antigo da formação do sistema solar, faz vários voos kamikazes na atmosfera, e cada meteoro que vemos é um pedaço seu fazendo um voo. Duas vezes por ano, nosso planeta cruza o caminho das partículas de poeira gelada da trilha percorrida pelo cometa em sua trajetória. Tais precisão e beleza nos emocionam e nos fazem lembrar que fomos feitos pra brilhar, à imagem e semelhança dos corpos celestes. Tal espetáculo é um presente do Criador, querendo nos acarinhar e nos recordar de que o que rege o Universo é a Perfeição e a Simetria, por mais imperfeitos e assimétricos que possam parecer os acontecimentos da vida. É tudo uma questão de ponto de vista. De elevar a alma e ver de cima.

Definitivamente, uma chuva de estrelas nos lembra o plano do Grande Arquiteto do Universo. E que projeto! Somos feitos da mesma matéria, e é matéria de estrelas. Pó de pirlimpimpim. Somos tudo, e podemos tudo, porque esta matéria é puro amor divino. É pura Consciência vibrante. Que foi capaz de explodir em vários pedaços, astros e estrelas, humanos e celestes. Sim, nós podemos! Podemos ser brilhantes. Nascemos pra isso e esse é nosso destino necessário. Mais cedo ou mais tarde, aprenderemos a elevar o olhar e a alma e mantê-los neste estado permanentemente. Vamos aos poucos, mesmo que isso leve milênios, nos apropriando da ideia de que Consciência e Poder são a mesma coisa. São inatos em nós. Não precisa de guerra nem disputa pra adquiri-los, porque já são algo que temos. Tudo vem de Deus, e é Deus: consciência, poder, amor. Corpos celestes. Corpos humanos. Energia cósmica. Nossa alma imortal.

Somos grandes: infinitos.