sexta-feira, 29 de abril de 2016

Primeira carta de sóror Izabella aos Iquenses



Minhas irmãs, meus irmãos,
Em verdade, em verdade vos digo:
Em meio a sangue e restos humanos, ulula o óbvio: a miserabilidade da condição humana. A solidão, insólita, líquida, fervilhante, febril: a liquefação de nossa inteireza num mar de impossibilidades.
Em verdade, em verdade, vos digo:
A condição humana requer que olhemos para a causa final aristotélica: qual a finalidade das coisas existirem e serem como são?
Em verdade, em verdade vos digo:
Só me sei eu porque sei você
Sou porque somos
Contra a miséria humana, capital afetivo. Sororidade, fraternidade e solidariedade! A partilha do sensível é a condição sine qua non para o empoderamento da (nossa) humanidade, para que voltemos ao estado sólido e viabilizemos nossa existência. Golpes virão, e entregas erradas idem. Fortaleçamo-nos a partir deles. De nossa razão, precisamos exigir discernimento: virá, mais cedo ou mais tarde.
Minhas irmãs, meus irmãos,
Sem mais, ora me despeço.
Invocando Anima (Mundi), força primeira que nos une, para lembrar-vos que ela é feita de nós. Elos que a materializam e a suportam, e a humanizam. Unamo-nos! Não esqueçamos nunca de que nossa matéria é capital humano: na diversidade de cartografias que observamos em nossa trajetória, é somente quando consideramos a do desejo que podemos cumprir nossa missão.   
Sóror Izabella
29-04-2016